quinta-feira, 20 de outubro de 2011

NANANO_O NASCIMENTO DE NANANTHEA

NANANO

a mulher caminha pelo deserto.
ela esta grávida.
Suas roupas, velhas, são negro e vermelho.
Seu filho, dentro da barriga, é luz.
A mulher é cega de um olho.
Ela tem uma espada: NANANTHEA, A Lâmina de Mil Pétalas
E carrega consigo um livro.
Na capa esta escrito “ A Queda das Estrelas ou de Como Foi Jogado o Jogo da Integração das Polaridades por Brecth Bertool e Viola Spolin Hardcore”
Obs:

Isto é uma peça de teatro (comédia espirita para um capitalismo insustentável).
Ela aconteceu no momento em que vc leu leu as palavras acima.

SALUSA OXOSSI DE SIRIUS E EXU MARX

NANANO_AS NARRATIVAS DO NAVIO NOMADE

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Tarsila do Amaral

http://www.youtube.com/watch?v=Y3snIPnmDg8&feature=relate
Tarsila do Amaral descrevendo o instante de criação de Abaporu obra fundamental no movimento
estético moderno e nos rumos que a história da pintura toma no brasil.
Victor Rodrigues Conde da Silva.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011



NANANO_DESPOJOS DE GUERRA

QUEM SERÃO SEUS COMPANHEIROS QUANDO A TEMPESTADE CAIR NA TUA CABEÇA?

Tela Clandestina: Moradia - Direito e suas contradições

Embora as favelas do Rio sirvam até como cenário para filmes hollywoodianos, São Paulo ainda é o município que lidera o ranking com 612 grandes áreas urbanas marginalizadas.
Como essas moradias precárias surgiram? Esse problema é exclusivo dos moradores ou afeta a todos da sociedade? Existe um responsável por esse problema?
Venha assistir aos curtas "Periferia Luta" e "Vídeo Denúncia", Performances de Teatro, Instalação Temática, ouça depoimentos de líderes comunitários da região e contribua no debate com suas inquietações.
Participe!

Rua Barão de Alagoas, 340 - Itaim Paulista (Próx. a Pr. Silva Teles)
Hora
sábado, 13 de agosto · 18:30 - 20:30

Localização
Casa de Cultura Itaim Paulista


http://telaclandestina.blogspot.com/



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informações
manifestantes revoltados
massacres públicos
distúrbios raciais
morte de um homem negro
crise global
......10 mil pessoas nas praças
balões, pipocas e críticas
News Of the Horror World
Essa é a nossa Tela Clandestina

informações
O índice do pânico econômico como ensaio para o precipício onde o palco serão as ruas.
Essa é a nossa Tela Clandestina
o monstro que tudo vê devora suas próprias entranhas
o ciclo de crises é um transe coletivo de uma sociedade que devora a si mesma
e, assim, o último Inferno na Terra soltará, dia a dia, pragas, doenças, epidemias
Essa é a nossa Tela Clandestina

...
Mais informações
NANANO
QUEM SERÃO SEUS COMPANHEIROS QUANDO A TEMPESTADE CAIR NA TUA CABEÇA?

NANANO_AS NARRATIVAS DO NAVIO NOMADE



segunda-feira, 27 de junho de 2011

O NECRONOMICON_A ORIGEM

A ORIGEM

Brecth Bertool, andando de skate, encontra um livro jogado no lixo.
ele abre o livro:

                                                O necronomicon
                                            escrito por Philip Dick


Apolo 20_1976 _missão tripulada por americanos e soviéticos encontraM

nave alienígena no lado escuro da Lua.

- "a nave estava lá a mais de um bilhão de anos."
- " o corpo mumificado  da mulher/piloto/alien foi trazido a Terra."         
- " apelidaram a múmia de Mona Lisa devido ao bom estado dos seus cabelos"
- "mona lisa de um bilhão de anos"
ela não estava morta, e, de alguma forma, seu corpo vinha alterando o pólo magnético do hemisfério norte desde então. Ela também começou a enviar mensagens telepáticas para algumas pessoas. Em sonhos recebi esta mensagem:

O NECRONOMICON
escrito por brecth bertool
isto é uma peça de teatro
 
ela acontece no momento que esta mensagem for lida
 
peça sobre o princípio do fim de todas as coisas do mundo
 
um guia espiríta para um capitalismo insustentável
 
um estudo de demonologia sobre uma época
 
Ex:
 
O PADRE:
LUIZ FELIPE PANDEMÔNIO e a desrazão da crítica conservadora
 
 http://inventariosdabarbarie.blogspot.com
versificando-chapelaria.blogspot.com
 
NANADAICA_O NECROLIVRO DAS MALDIÇÕES
 
 



 

quinta-feira, 2 de junho de 2011

NANANTHEA_AS MÁSCARAS DA RAZÃO

leticia guimaraes_as máscaras da razão

Os espaços urbanos das cidades foram ocupados pelas pessoas em protesto.
Reivindicações viróticas.
De cidade em cidade (planetária) como se fosse um mesmo movimento.
O cimento se mancha de sangue.
O mesmo pode ser usado para escrever o que tem de ser escrito.
E nos acampamentos montados nas praças,
Nas barracas improvisadas,
No calor da mudança
Com seus aparelhos a mão:
A escrita dos acontecimentos pelas pessoas em protesto.

NANANTHEA E A QUEDA DAS ESTRELAS

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Hemodiálise

(Hemodiálise)

Jogado numa cama
Devido uma doença crônica.
quem?Nem ligo, mas as pessoas tumultuam
Com clamores falsos, verdadeiros...
Tão simples e tão sorrateiros.

Chamaram então o médico.
Bati mó papo,
Disse apenas o que queria,
Pois de aviso sem esperança ninguém avisou...eu já sabia.

A morte um dia chega. Tu sabe? Quem sabe...?
quem?


“Doutor,não se preocupe,estou bem.”
“Teus rins pararam, precisa de ajuda.”
“Não me venha falar de rim,traga-me sim, uma garrafa de Run”
“Trata-se apenas de uma máquina”
“Se não for pedir muito, por favor, misture uma dose de 51.”
“Veja toda sua família em lágrima. Não recomendo o álcool,tratamento sim, bebidas não.”
“Das vítimas da ciência incompetente sou apenas mais um.”
“Sou médico e digo, teus rins é que pararam não foi o coração.”
“Sim...é claro, Luciano, traga o limão.”
“Não brinque assim, perdeu foi teu rim.”
“Sim!?”
“Continuando perderá a vida”
“.Quero fumar! Quem foi que pegou meu maço de Vila Rica?
“Pode viver, mas a vida você não quer.”
“Sempre a quis doutor, foi ela quem me ignorou.”
“A vida não ignora, ela apenas nos mostra”

“Tá certo. Então ela me mostrou
Que da mesma forma de meu rim,
É enérgico e frenético meu fim.
Dancemos o choro doutor,
Linda canção que o Diabo na rua
Acabou de compor.
Êta samba sacana, só chama, só chama, só chama,
Nos chama este chorinho,
E o Diabo na rua cantando
Porteiro do redemoinho”.

Bruno Morelatto

quarta-feira, 30 de março de 2011

SINAIS

Introdução

A despeito de tantos diálogos informais já travados entre amigos, sem com isso perdermos a profundidade crítica das discussões, decidimos escrever este trabalho afim de afirmar as idéias que se relevaram entre alguns anos de debate entre nós. Precocemente, o texto já se mostra ousado por revelar pensamentos críticos – cremos, modestamente – por homens que não são acadêmicos, nem circulam em meios acadêmicos, mas, pelo contrário, encontram-se á margem da sociedade.

Parte I

Em uma de suas noites sonâmbulas, o Operário – antipático a ‘teorias da conspiração’ – vai ao bar para refletir sobre estranhos sinais do mundo que lhe inquietam o espírito. Na madrugada da periferia, em um beco cruzado vê aproximar-se um vulto amorfo. O homem, de expressão disforme, lhe pede fogo para acender o cigarro. É o ‘velho’ João Constino:

- Tá perdido, Operário?
- Talvez estejamos todos...
- Então tá tudo bem! Paga uma cachaça que a gente encontra o caminho.
- Puta-que-pariu! Querem me explorar de qualquer jeito?!
- Veja bem, vamos analisar - se você não analisar ficará mais perdido que barata viciada em crack. Pense nisso: Vou te explorar mesmo! Sem dó! Foi assim que fui educado, como você também... E aí, o que é que você vai fazer para impedir que eu te explore? Enquanto vai pensando já vou pedir a cachaça!
‘Oh Mané... Desce um velho!!!’
-Na verdade não é isso que me preocupa. Os ‘grandes homens’ exploram-nos de tal modo que há gente no mundo querendo voltar à escravatura. Além de chegarmos num estágio em que os oprimidos recorrem a se explorarem entre si, válvula de escape programada em nós para que não nos voltemos contra quem realmente nos expropria, há quem reclame o desejo reacionário de voltar os tempos acreditando, subjetivamente, que morrer no chicote é melhor do que na bala. O saudosismo também está programado, ou seja, “Olhem para trás, para o lado e para baixo! Nunca para frente!”.

(João Constino dá um gole na cachaça.)
- Não entendi porra nenhuma. Tava olhando aquela tiazona boa ali no balcão.
- Você vai prestar atenção ou não? Você, que tanto dizem ser o andarilho das trevas, que caminha entre os mortos e os vivos, para onde está olhando? Para trás, como a tradição lhe manda? Para baixo, como ordena a submissão? Ou para o lado, como rege o preconceito?!
- Andarilho das trevas é coisa de personagem de quadrinhos. Não sou personagem, cara. E tu quer saber para onde estou olhando, né? Pois vou dizer: Estou olhando para você, e o que olho dá vontade de rir e chorar. Quer saber porquê?
- Não é de assustar o que você diz. Para todas as expressões e ações que vejo nas ruas e nas fábricas sinto a mesma vontade de rir e chorar. Como também não é de assustar o que dizem sobre você, já que o mundo anda tão surreal que não conseguimos mais distinguir o que é ficção e o que não é. Mas, diga lá, o que vê em mim que tanto o aflige?
- Ora, ora... O que temos aqui? Já encontrei muito peão por aí na noitada. Gosto de beber minha pinguinha nos botecos onde rola uns ‘forró’. Me sinto a vontade para beber, para olhar e uma coisa te digo: você é feio pra caralho e não vou te paquerar nem fudendo! Prefiro a tiazona no balcão! Mas chega de merda e vamos ao que interessa. Vejo você e digo: no rosto, na superfície, vejo um cara de trinta e cinco anos, casado ou não, de origem negra, nordestina, branca e sei lá mais o quê nesta suruba genética. Peão de fábrica mesmo. Mas, que coisa estranha... O que sai da boca desse peão não condiz com os outros peão que eu conheço. Você, olhando bem, não posso dizer o que é. Mas posso tentar dizer o que vai se tornar.
‘Mané, vai outra cachaça aí!’
- Muito bem, o dia está raiando. Quer comer algo?
- Deixa o dia raiar... Na verdade, o amanhecer pode ser a pior coisa que pode acontecer. A gente sempre espera que o sol inaugure o dia, mas, cara!, de tudo que tá acontecendo, de toda essa insanidade, de gente esperando sem saber a morte e a desejando no horizonte ... Poderemos ver o surgimento de um sol que trará apenas a desgraça. É foda!

(O Operário vira de uma vez todo o seu copo de cachaça).
- Mas, afinal, o que é a vida da evolução humana, o que é a nossa história senão o medo da morte, a curiosidade de se ser mortal e a esperança da imortalidade?! Sinto-me tão cansado que me parece que já tive muitas vidas, que atravessei os séculos neste contraditório ciclo!

(Constino dá uma longa e estridente gargalhada, que aos poucos vai parando)
- Não fique bravo... Não tô rindo da sua cara. É apenas o seguinte: a evolução humana acontece, mas ela acontece fora dos olhos oficiais. O nosso medo de olhar é incapaz de acompanhar. Os dinossauros não imaginavam que aqueles bichinhos semelhantes a ratos iriam dominar a terra. Já reparou nas baratas, nos ratos e nas formigas. Às vezes eu olho, e tento ser diferente dos dinossauros. ‘Vocês podem nos substituir, não tem problema.’ ‘Estou cansado’, digo a eles. Minha espécie talvez esteja cansada e deseja morrer. Somos ainda capazes de criar um horror tão potente que o horror fascista na Alemanha seria um passeio de criança. Todas as vidas que tu viveu talvez sejam apenas o treinamento para enfrentar esse possível horror.

Sem que tenham pedido algo, Mané serve mais uma dose de cachaça.

- Essa é por conta da casa!

Leandro Alves e Anderson Black

quarta-feira, 16 de março de 2011

os atuais desastres "naturais" se relacionam, num perverso movimento, inevitável e dialético, com as formas de produção que sustentam a sociedade capitalista.

Começou a corrida à água engarrafada, mantimentos e máscaras de protecção no Japão. Ontem, depois de uma terceira explosão na central nuclear de Fukushima Daiichi, a norte de Tóquio - na sequência do sismo de 8,9 na escala de Richter e consequente tsunami, que varreu a costa noroeste do país -, os níveis de radiação libertada para a atmosfera subiram e a radioactividade anormal começou a chegar a outras cidades japonesas, incluindo a capital. O governo veio pedir a todos os habitantes num raio de 30 quilómetros de distância (cerca de 140 mil pessoas) que não saiam de casa, desliguem os sistemas de ventilação e fechem todas as janelas.

Horas depois, outros alertas começaram a surgir. A instabilidade na central - que, neste momento, está a ser gerida por apenas 50 funcionários, depois de outros 800 engenheiros terem sido transferidos - elevou as preocupações internacionais quanto a uma possível catástrofe nuclear. "Estamos a falar de um apocalipse e eu acho que esta palavra é particularmente bem escolhida", disse Günther Oettinger, comissário europeu para a Energia, numa reunião do Parlamento Europeu em Bruxelas.

"Na prática, tudo está fora do controlo. Não excluo o pior nas próximas horas, nem nos próximos dias." A Autoridade de Segurança Nuclear (ASN) francesa já alertara para a gravidade da situação provocada pelo sismo e consequente tsunami de 11 de Março, classificando as explosões em Fukushima no nível 5 numa escala de 1 a 7 na classificação de acidentes nucleares. Ontem os especialistas aumentaram o nível para 6 - com a Rússia a contribuir para o alarme generalizado. "Infelizmente, os seis reactores [da central] correm o risco [de derreter]", disse Sergei Kiriyenko, responsável nuclear do governo de Dmitri Medvedev.

Na província de Ibaraki, perto de Fukushima, a radiação registada ontem rondava os 5 microsievert (msv) por hora, 100 vezes superior ao normal. Segundo a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), uma pessoa é exposta normalmente a uma radiação da natureza de aproximadamente 2,4 msv por ano. O director-geral da agência, Yukiya Amano, sublinhou a possibilidade de "ter havido danos no núcleo do reactor 2" no rescaldo do sismo. Até ontem ao final do dia, os sistemas de refrigeração de três dos seis reactores da central estavam danificados e os primeiros três dos seis reactores tinham registado explosões de hidrogénio.

Em Tóquio também se registou uma subida dos níveis de radioactividade: a cerca de 270 quilómetros da central de Fukushima, no coração da capital nipónica, os níveis subiram 20 vezes acima do habitual e foram detectadas pequenas quantidades de substâncias radioactivas perigosas, como césio. O governo regional veio garantir que os níveis ainda não envolvem riscos para a saúde pública.

Naoto Kan, primeiro-ministro do país, veio pedir calma perante a crise, admitindo, contudo, que "o risco de mais fugas radioactivas está a aumentar". O ministro dos Negócios Estrangeiros, Takeaki Matsumoto, acrescentou outro alerta às palavras do chefe de governo. "A radioactividade [do reactor 4] pode ser prejudicial à saúde das pessoas", revelou em conferência de imprensa. Horas depois, ao fim do dia, começaram a chover as críticas.

Depois de o jornal mais importante do país, o "Yomiuri Shimbun", ter dedicado o editorial de ontem a criticar a lentidão e "a forma de dar informações do governo", um especialista em energia nuclear juntou a sua voz à do diário. Iouli Andreev - especialista em segurança nuclear e um dos homens que participaram nas limpezas de Chernobyl depois do desastre de 1986 - disse à Reuters que a ganância da indústria e a influência empresarial sobre a AIEA terão contribuído para o desastre japonês: "Depois de Chernobyl, toda a força da indústria nuclear foi direccionada para esconder o acontecimento, para não manchar a sua reputação."

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O NECRONOMICON

A COZINHA DO DIABO
VIOLA SPOLIN HARDCORE

artaud+quadrinhos+brecht+chomkys++manifesto comunista+berserk+hellblazer+ficçao cientifica+brecht ++brethc(quadrinhos)+grant morrison+reise reise+clive barker+guimaraes rosa+heiner miller+frank miller+walter benjamin+adorno+cultura popular+as ruinas todas que estao ai como ferramentas barbaras+as palavras daqueles que tem a rua como lugar para morar+marx+grupos de teatro da periferia+giger+caricatura+movimentos sociais+picasso+rage against machine+moebius+garagem hermetica+xamanismo+brujeria+dead kennedys+atari teenage riot+racionais+secos e molhados+the wall+ramones+trostky+lenin+livros da magia+philip dick+a miseria da filosofia=FODA-SE o capitalismo esta transformando o mundo num filme vagabundo de ficcçao cientifica :
OS MEIOS BARBAROS CONTRA A BARBARIE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

NANANO_AS NARRATIVAS DO NAVIO NOMADE


O NECRONOMICON

esta é uma peça de teatro
a ação dela começa no momento em que a mensagem é lida.

um guia espiríta de pragas e injurias para um capitalismo insustentável

"os homens cultivam com tanto afinco seus afazeres e suas ciências simplismente para com isso fugir às perguntas mais importantes" (citação. busque a fonte)



1_vivemos numa época de transição histórica para o que?
2_o que saíria da sua boca no seu último dia de vida?

http://inventariosdabarbarie.blogspot.com
versificando-chapelaria.blogspot.com
www.viuvas-de-marx.blogspot.com.

NANADAICA_O NECROLIVRO DAS MALDIÇÕES

João Constino_O Caricaturista

domingo, 20 de fevereiro de 2011

A poesia rompe
o inexorável nada,
retira da resignação
sopro e palavra...
Corrói a crosta
das fachadas,
o lacre das tumbas;
abre fendas
brota em asas,
lev’embora as sombras.

Por fim,
a poesia provoca,
lambe as feridas
amassa o barro, assopra...
“Iskra” fecunda.

maria rodrgues

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A via do urbanismo unitário (Guy Debord)

.

por João


O trecho a seguir é de Guy Debord, escrito como apresentação, em 1960, para uma exposição na Alemanha do arquiteto Constant Nieuwenhuys, que propunha tornar a arquitetura a projeção de uma "poesia para habitar".

Em poucas palavras, apesar da ausência de uma contextualização mais profunda, cabe notar a colocação tanto do problema da resistência cotidiana à barbárie, quanto do domínio profundo que podemos ter - e devemos - sobre nossas experiências no sentido de contrapô-las conscientemente, e em todos os níveis, à esta mesma barbárie.

Assim: devemos nos especializar coletivamente nesse camaleão assustador que é a ideologia burguesa, para fazê-la - artísticamente - entrar em curto-circuito, com o pressuposto básico da apropriação coletiva dos meios de produção. Novamente, insisto: que se repare nos rigorosos critérios reivindicados por Debord para o balanço coletivo da experiência crítica e criadora no mundo da mercadoria...

Ah, em relação aos saudosistas irracionais da velha cultura popular que um dia foi produzida pelas massas exploradas em velhas condições de exploração, seria interessante reparar na caracterização que o próprio Constant faz das circunstâncias atuais da miséria cultural das massas, que, infelizmente, assinalam a impssibilidade dessa mesma cultura... "O espírito burguês ainda domina a vida inteira, e chega ao ponto de levar às massas uma arte popular pré-fabricada".

Boa leitura aos "navegantes".


O sucesso parcial de certas inovações e de igual maneira o sucesso parcial de nossa juventude – não penso aqui nos sucessos de tipo social, vale dizer, econômico – correm o risco de nos atrelar a uma liberdade de ideias como a uma liberdade de gestos que permanecem insuficientes. Um mínimo tédio não é ainda nosso jogo. Não se deve reduzir o campo de nossos desejos ao já visto e conhecido para o qual sentimentalmente somos levados, nossa abordagem geralmente difícil e incompleta desses desejos conhecidos contribuindo ainda para embelezá-los. Contra esse derrotismo, Constant, ao escrever em 1949 na revista Cobra que “falar de desejo, para nós, homens do século vinte, é falar do desconhecido”, designava a arma universal da experimentação permanente: “Para aqueles que portam longe seu olhar no campo do desejo, no plano artístico, no plano sexual, no plano social, em qualquer outro plano, a experimentação é uma ferramenta necessária para conhecer a fonte e o objetivo de nossas aspirações, suas possibilidades, seus limites.”

Alguns faziam dela uma etiqueta irreal cobrindo toda e qualquer produção pessoal normal. Outros procuravam dotá-la de uma aplicação verificável. Constant, que exigia em sua intervenção no Congresso de Alba, em 1956, que a nova arquitetura fosse uma poesia para habitar, mostrava que ao se servir das novidades da técnica e do material “pela primeira vez na história, a arquitetura poderá se tornar uma verdadeira arte de construção”. Em 1958, ele declarava numa discussão sobre a orientação da I.S.: “De minha parte, estimo que o caráter chocante exigido pela construção de ambientes exclui as artes tradicionais [...] Devemos então inventar novas técnicas em todos os campos [...] para os unir mais tarde na atividade complexa que engendrará o urbanismo unitário."

Desde antes dessa radicalização progressiva dos meios, a linha geral era bem visível, como o testemunha um texto já citado de Constant: “A liberdade só se manifesta na criação ou na luta, que no fundo têm o mesmo objetivo: a realização de nossa vida.”

“No período de transição, a arte criativa se encontra em conflito permanente com a cultura existente, enquanto que anuncia ao mesmo tempo uma cultura futura [...] O espírito burguês ainda domina a vida inteira, e chega ao ponto de levar às massas uma arte popular pré-fabricada. [...] O vazio cultural nunca foi tão manifesto quanto após a [segunda] guerra”, lia-se no “Manifesto” do grupo experimental holandês, redigido por Constant em 19484. Os dez anos que seguiram essa observação fizeram ver, até o escárnio, o derramamento regular desse vazio cultural, açoitado pelas atrações de circo; e sua incapacidade de se renovar.

Por que então queremos nós derrubar a cultura existente, sair do plano sobre o qual ela sempre se desenvolveu com alternâncias de sucesso e de vazio relativo, em vez de apostar no caráter transitório da crise, em vez de ajudar a reformá-la? “Na verdade”, escreve Constant, “essa cultura nunca foi capaz de satisfazer sequer um homem, nem um escravo, nem mesmo o mestre que acreditava ser feliz num luxo, numa luxúria onde se localizavam todas as possibilidades criativas do indivíduo.” Sua liberdade é estática, limitada pelos imperativos de seu próprio reino. Só
existe liberdade teórica para os inimigos da liberdade. Constant, no mesmo texto, rejeitando o processo falseado da compreesão – “uma arte popular não pode corresponder atualmente às concepções do povo, pois enquanto o povo não participa ativamente da criação artística, só concebe os formalismos impostos”6 – exprime ao contrário o essencial de nossos interesses: “Não queremos ser ‘compreendidos’, mas libertados.”

O artista só tem, no melhor dos casos, a liberdade de exercer seu ofício de artista, isto é, de realizar certa produção normalizada, correspondendo às necessidades de tal ou tal camada do público, muito diferenciado, da cultura dominante. Uma vontade realmente vanguardista hoje em dia coloca imediatamente o problema de novos ofícios, que não podem de modo algum se exercer no contexto da sociedade burguesa, e cujo desenvolvimento previsível, dado os meios extensos que ele exige, nem mesmo é conciliável com uma economia capitalista.

Evidentemente nossa posição não é fácil. E a incerteza reina quanto aos resultados positivos que poderemos atingir. Iremos nós, os primeiros, até os jogos superiores por vir? Saberemos, ao menos, trabalhar utilmente nesse sentido? Do contrário as construções intermediárias não valerão de nada, mercadorias que permanecem meras mercadorias, lembranças que vulgarmente permanecem lembranças.

Mas que dizia Constant? “Nós encontramos amigos sem perder inimigos. São os inimigos indispensáveis? São, e serão até que nossos problemas sejam vencidos: nossos inimigos nos dão consciência a um só tempo de nosso poder e de nossa fraqueza.”


(Guy Debord)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

NANANO_O QUE SE LEVANTA

no ano
de mutações
na esfera
sintética
da construção
social
na garganta
aberta
da construção
social
o sal
da terra
espera
a vez
de se
levantar
em pleno
mar de areia
no ano
das mutações
em pleno
mar de areia

NANANO_AS NARRATIVAS DO NAVIO NOMADE

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Fim do expediente

.

Por João


O bom homem, Diretor de Repartição, chamado Medeiros, pede fósforo emprestado ao estranho que está sentado no meio-fio. Esse, então, inesperadamente, inicia a palestra:

- Tudo está perdido!

- Não seja pessimista, homem - respondeu-lhe Medeiros, com um misto de euforia inexplicável e sentimento de superioridade...

- Sou otimista, pessimista é o senhor.

- Como... ?

- Só poderemos transformar tudo quando soubermos que tudo está perdido, principalmente quando tudo está perdido de fato.

- Pensas então que só porque digo que nem tudo está perdido não acho que tudo precisa ser transformado? - indagou Medeiros, já irritado pelo despeito do interlocutor.

- Não senhor, o contrário: penso que primeiro chegou a conclusão de que é impossível tranformar tudo, e, não sabendo o que fazer com isso, preferiu acreditar que nem tudo está perdido...

- Me chamas então de covarde?

- Acho que sua covardia poderia te salvar se você não fosse covarde.

- Insolente... achas que as coisas precisam mudar só porque você quer?

- Não, o contrário: acho que as coisas precisam mudar por isso quero que mudem.

- "O contrário, o contrário... blá, blá, blá..." sempre isso... não sabe dizer outra coisa?

- Não teria mais razão para ser pessimista do que o senhor?

- Razões eu tenho, e de sobra, para ir-me embora. Sou otimista, meu rapaz, o que não sou é otário.

Medeiros se foi, levando no bolso o fósforo do homem.


.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

NANANO_A FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO NA SOCIEDADE CAPITALISTA

Um homem atravessa as ruas.

Sombras humanas o acompanham como uma procissão.
Ele leva uma prancheta na mão esquerda e um lápis 6B na mão direita.
O sorriso sárcastido.
Na rua, no centro velho da capital, ele para e bebe ao menos uma cachaça de bar em bar.
Seu nome é João Constino - CARICATURISTA.
......................................................................................................................
OS MORTOS O ACOMPANHAM POR ONDE PASSA.
OS MORTOS PELA CIDADE O ACOMPANHAM.

João desenha pessoas nos bares.
As vezes é espancado por alguns dos funcionários.

paciência ))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

PACIÊNCIA.
((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((
Ele sabe que chegará o dia em que abrirá as portas do Inferno, do qual é o porteiro, e as vozes dos mortos saiŕão pelas ruas, virando as coisas pelo ar
.
Homens e mulheres , os bandos humanos anunciando estranhas formações sociais.
E ele desenha, assina as caricaturas: JOÃO CONSTINO- CARICATURISTA.

OS MORTOS O ACOMPANHAM POR ONDE PASSA.
OS MORTOS PELA CIDADE O ACOMPANHAM.

Ele se perde dentro da noite, vai se obscurecendo em traços de grafite, se perde escuro como sangue e urina, fumaça de nicotina, derrotando, dia-a-dia, a própria derrota, rindo de porta em porta, de bar em bar, tendo o duro chão da metropole como lar, João dorme como abatido a tiro, a queima roupa da consciência, o sono sem sonhos como o concreto, onde é certo que outros como ele também dormem abatidos pelas queimaduras da vida sem teto.

Nada está certo, João pensa.
Nada está real, o Caricaturista sente.

O movimento da realidade, dessa cidade.
O movimento se expoem pornográfico ante seus olhos.
As coisas tem mais importância do que as pessoas.

João passa, no seu percurso de vendas, por sete avenidas, cada uma delas possui a sua entidade.
João, ao beber, sempre conversa com elas.
As desenha, visto serum eximío caricaturista, capaz de desenhar o irracional cotidiano. O Caricaturista é obrigado a desenhar elas. Senão iriam deixá-lo para sempre na escuridão das ruas.
Cada uma delas era própria promessa de devoração, de fim da personalidade.
Os cães, entidades menores, tinham de ser expulsas todos os dias.
Os cães faziam-no beber além da conta.
Mergulhava no irracional cotidiano.
Naquela outra cidade.
Lá, João era indefeso.

Os guardiões das ruas choravam.

Um deles era um homem com a cabeça de fogo.
Outro, uma menina numa bicicleta branca.
Tinha a mulher com braços de serpente.
O velho que canta as canções das antigas prostitutas nos tempos de outrora.

Um dia o Caricaturista conheceu Dourado, o cachorro homem, a menina de programa desdentada e os dois irmãos artesões. Eles eram uma familia. Sagrada seja, talvez,(eles brilhavam, e como). O sorriso ausente de dentes, iluminado. A situação de trabalhar na rua, no centro das relações financeiras, centro velho, Bolsa de Valores. A família, ali , tranquila, vendendo a mercadoria feita com as mãos.O clima financeiro dos que caminham.Dourado se espreguiça como bicho preguiça mesmo, ué. As pessoas observam e param o caminhar. Cachorro preguiçoso, parece gente! As gentes diziam e se admiravam.Dourado se estica em local público, pleno de si, foda-se a correria, as entregas, foda-se gostoso o financiamento dos passos. Os cachorros humanizados no meio do fluxo monetário.
E Dourado, como chefe de família, era de uma calma ofensa.

Para João Constino a rua era o palco onde o espetáculo da mudança tornava-se visível.
Ele via os sinais.
Os homens floresciam nesse novo cenário.
Ele fazia questão de levar as vozes dos mortos, dos irmãozinhos de rua, aqueles mesmos que o roubavam quando caiá na calçada. Ao roubarem sempre lhe ensinavam algo.

''''""''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''>>>>>>>>>>>>>>>>>>......................................................

Aos homens concha faria ressoar suas vozes, para arrebentar de vez, para florescerem nessa terra como jovens deuses da destruição.

O Caricaturista sente as dores no fígado como uma mão apertando no lado direito.
Não posso esquece-los - repetia para si - não posso morrer agora - também não preciso viver muito. Bastam cinco anos para fazer o que tenho de fazer. Preciso de um cigarro. Tô sem grana. Caço bitucas pelo chão. Já fumei boas bitucas. Cigarros importados de gente boa de grana.Sim.Os melhores. Não posso esquecer os cigarros. Não posso esquecer a fera que me tornei. Não. A memória do aprendizado das ruas é essa dor no lado. Não devo esquecela mesmo quando passar. Esquecer seria condenar ao infernos as vozes dos que estão sendo mortos. E eu iria sofrer as piores das mortes, o mais terrível castigo por esse crime.


OS MORTOS O ACOMPANHAM POR ONDE PASSA.
OS MORTOS PELA CIDADE O ACOMPANHAM.

Numa mesa de bar:
A pressão.
A grosseria e o demônio da situação.
Vejam.
- Cheguei na mesa, tres pessoas havia, classe média tipíca. Não vou fugir desses tipo aí.
João oferece o trabalho. Nem abre a boca é despachado.
-Cai fora caralho!
Falaram sem ao menos olhar ou escutar.
Extrema grosseria , ele pensa friamente. Além do normal. Não sou cachorro. Não vou fugir desses tipo aí.
Tomou uma decisão.
O Caricaturista fincou os pés ali, olhando, analisando, o cérebro uma máquina fria computando dados.
Primeiro:
Qual seria a atitude usual? Qual seria o teatro social pré-estabelecido?
A) o vendedor ambulante abaixaria a cabeça e iria embora humilhado.
B) o vendedor ambulante iria discutir, começar uma briga, até ser expulso do bar a pontapés.
Este seria o jogo, a encenação cotidiana e suas variantes.
Conhecia as regras.
A tempos vinha pesquisando, lendo sobre.
Livros sobre política, estratégia ( de preferência sobre combates da segunda guerra mundial).
Considerações:
Isto é material para um experimento?
Poderia servir para uma ação de maior envergadura?

-política- estética- intervenção-etc

Anotações espaciais do lugar, das ruas , do trafego, larguras da calçada e do asfalto, locais para se esconder, saídas e fugas, locais para defesa e resistência, o preço da cerveja.
Voltar para mesa. .
Era um problema de educação básica. De aprender o que é necessário para conviver numa cidade.

Conselho: Se quer evitar qualquer encontro com o outro vai tomar cerveja em casa.

Ação: paralisar o jogo de humilhação com uma contra ação. Paralisar até causar uma mudança de atitude nos atores sociais.

Eles notaram o Caricaturista, incomodo crescente, aquela presença ali, analisando como uma máquina ártica.

- O olhar, na linguagem corporal, coisifica ou humaniza o objeto. A invisibilidade social é um ato físico.

- Não por favor, não queremos comprar nada agora não.
O Caricaturista vai embora. Tinha uma noite inteira para ganhar o pão.
( pausa)

João Constino trabalhou. Amanhecia. De cima de um viaduto presenciava a chegada do dia. No mesmo havia uma poltrona em chamas. João ali se senta para descansar os ossos. Ouve-se o som de um ônibus. Um cachorro late. Um bêbado canta e cai e não levanta.
João fecha os olhos.
E ele vê.
O que ?
Uma porta.
E ele escuta.
O que?
O som do vento.
Na porta estava escrito:

"Eles serão os pais daqueles que herdarão nossos mortos industriais, fabricados em empresas e tais, sem aos quais jamais viveriamos sem comprar merda fudida embalada em mercadorias, como os sumosacerdotes do velho pregam em suas catedrais conceituais repletas de obras de um determinado e capital período histórico, vais!
O Navio o espera."

O velho Caricaturista abre a porta.
E ele vê.
O que?

O Mar de Areia e os navios que por lá navegam buscando as águas verdadeiras da História.


João Cosntino_exu

NANANO_AS NARRATIVAS DO NAVIO NOMADE

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Lágrimas não são armas

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Por João


Novamente se manifesta o problema da urbanização capitalista. Mas seu caráter desenfreado e irracional não é tão óbvio quanto parece. Trata-se de uma situação em que o produto das contradições é utilizado para negar as próprias contradições. Como tudo no capitalismo, o efeito, é inimigo das causas; as coisas, são como são, e, naturalmente, não precisam ser esclarecidas.

Mostra-se insistentemente e de maneira enfática imagens de uma verdadeira indigência habitacional; a razão disso tudo é tão óbvia que se torna desnecessário tocar o núcleo do problema; mas é estranho, pois, se ninguém o faz, banaliza-se a miséria; seja como for, o importante é não perdermos, com a ajuda de Deus, o sentimento de indignação. Verdadeira proeza! Desesperar-se de indignação sem procurar compreender aquilo que é indignante! O contrário, afinal de contas, é utopia de gente presunçosa.

É óbvio que os desabamentos e as enchentes ocorreriam nesse verão. Mas, por que é tão óbvio? Um simples processo natural, como tantos outros ciclos da natureza, evidencia o fato de que o capitalismo torna cada vez mais insustentável a sobrevivência da espécie humana sobre a terra. Como disse o velho Darwin, aquilo que garante a adaptação de uma espécie - em nosso caso o trabalho social - torna-se a razão de sua destruição quando deixa de garantir a sobrevivência da mesma.

As sociedades, nesse sentido, principalmente as modernas, não resultam também de um processo de adaptação milenar? Deixamos de participar no concerto das espécies? De fato, a natureza que está mal adaptada à insânia irracional do capital: chove bem em cima de encostas; terremotos que ocorrem bem em baixo de países pobres; rios mal localizados; desproporção das riquezas naturais, etc.

Se a forma pela qual nos relacionamos com a natureza é ainda resultado do modo está organizada a sociedade, haveria outro meio de solucionar o problema sem alterar essa forma histórica de organização social? Acho pouco provável. Somos seres humanos, é natural o sofrimento. Outro dado que “óbvio” e banal. Mas, o que seria um sofrimento humano... natural? As condições de existência da sociedade não deveriam, nesse sentido, constar em primeiro plano como alvo?

Não há nada mais ridículo, inútil e vergonhoso do que os protestos contra a destruição da natureza de pessoas que, entretanto, sob uma fachada de "senhores do bom-senso", consideram uma utopia impossível o erradicamento definitivo da fome e da miséria da própria espécie humana! O que pensar disso, se não que, de fato, o natural, no caso, é nossa impotência frente àquilo que é produto exclusivo das nossas próprias ações? Mas como falar disso tudo, se as pessoas andam a perder os sonhos humanos mais elementares devido o temor idiota de parecerem ridículas e "ultrapassadas" aos olhos de uma ideologia que prega a eternidade de uma sociedade degradada.


***

Enfim, seja como for, é um erro aguardarmos a tragédia consumar-se para só então denunciá-la, de modo alusivo e covarde, como se a condição desumana em que vivem milhões de pessoas cotidianamente já não fosse, por si só, suficientemente trágica.

O fato de "ser impossível mudar as coisas", torna-se, de fato, natural quanto mais assim o consideramos. Não há um Deus insondável, ou qualquer força metafísica à impedir a mudança; tolice de quem se esconde passivamente ao abrigo de um tempo histórico que nos foi imposto e "pesa sob nossas cabeças"; obra total de outros mas que, por maior que seja o sofrimento, teimamos em habitá-la ao invés de destruí-la. Há forma mais indigna de viver como ser humano?

Ora, a indignação não pode ser um mero dever, pois nesse caso é normal que transforme-se em hobby. A luta possível é para transformar a inquietação e o senso crítico em verdadeira necessidade; direito inalienável - há quem saiba do que estou falando! -, sem o qual, definitivamente, não vale a pena viver.


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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

NANANO_A BIBLIOTECA DA TRIPULAÇÃO

"Quem quer superar a ordem estabelecida em todos os seus aspectos não pode ligar-se a desordem presente, inclusive na esfera da cultura. Deve lutar e não esperar, também no campo cultural, para fazer com que a ordem móvel do futuro seja uma aparição concreta. Esta possibilidade sua, presente já entre nós, desacredita toda expressão dentro das formas culturais conhecidas. Devem ser levadas todas as formas de pseudocomunicação até sua completa destruição para chegar um dia à comunicação real e direta (em nossa hipótese de trabalho de um cultura mais elevada significa: a situação construída). A vitória pertencerá a quem for capaz de criar a desordem sem amá-la"

(Guy Debord)